Ao ouvir o episódio, fiquei pensando nos altos níveis de analfabetismo funcional no Brasil. Há muitos que não compreendem o que leem, mas acreditam que compreenderam pelo simples fato de interpretarem o texto à luz das mais variadas muletas mentais — muitas delas ideológicas. O pessoal que destaca a crítica social como a grande marca de Machado de Assis em vez de seu ceticismo, por exemplo, é amostra dessa incapacidade em compreender.
Verdade. Mas tem algo que me incomoda aí. Não há tantos analfabetos funcionais como se imagina. Quero dizer, o problema real nem chega a ser analfabetismo funcional, que é resultado de uma escolaridade deficiente aliada – isso é importante – a ausência de uma extensão educativa doméstica, por mínima que seja. Isso é luxo no Brasil.
No caso que aponto, há um desvio. O que se chama popularmente interpretação na verdade é uma negação imediata do sentido textual que deveria ser compreendido. O esforço escolar devia ser no sentido da compreensão, não da crítica. Crítica vira uma mania de maldizer e de nunca entender nada. Isso avaria a inteligência sensivelmente.
A hermenêutica é indispensável. Nem chega a ser num nível hermenêutico que falo ali, algo tão rigoroso. Trato de textos para a média geral, como jornalísticos ou de leitura de entretenimento, para todos. A hermenêutica está em outro nível e é imprescindível para textos densos, especializados, seja de que áreas forem.
Ótimo trabalho, Fernando.
Muito obrigado. Eu que agradeço a audiência.
Venho somente agradecer. 🤎
Eu que agradeço, Bárbara.
Ao ouvir o episódio, fiquei pensando nos altos níveis de analfabetismo funcional no Brasil. Há muitos que não compreendem o que leem, mas acreditam que compreenderam pelo simples fato de interpretarem o texto à luz das mais variadas muletas mentais — muitas delas ideológicas. O pessoal que destaca a crítica social como a grande marca de Machado de Assis em vez de seu ceticismo, por exemplo, é amostra dessa incapacidade em compreender.
Verdade. Mas tem algo que me incomoda aí. Não há tantos analfabetos funcionais como se imagina. Quero dizer, o problema real nem chega a ser analfabetismo funcional, que é resultado de uma escolaridade deficiente aliada – isso é importante – a ausência de uma extensão educativa doméstica, por mínima que seja. Isso é luxo no Brasil.
No caso que aponto, há um desvio. O que se chama popularmente interpretação na verdade é uma negação imediata do sentido textual que deveria ser compreendido. O esforço escolar devia ser no sentido da compreensão, não da crítica. Crítica vira uma mania de maldizer e de nunca entender nada. Isso avaria a inteligência sensivelmente.
Então a leitura hermenêutica , se eu compreendi direito, na perspectiva de um ser de exatas, deve ser descartada?
A hermenêutica é indispensável. Nem chega a ser num nível hermenêutico que falo ali, algo tão rigoroso. Trato de textos para a média geral, como jornalísticos ou de leitura de entretenimento, para todos. A hermenêutica está em outro nível e é imprescindível para textos densos, especializados, seja de que áreas forem.